terça-feira, maio 20, 2003

O FC Porto de novo no limiar da História

Viena. 27 de Maio de 1987. A equipa do FC Porto, contra todas as expectativas, derrota o gigante bávaro do Bayern München. Amanhã, na sua terceira final europeia, o FC Porto entra, pela primeira vez, como favorito à vitória na final da Taça UEFA.

Ela era a melhor equipa da europa. E o seu treinador – Artur Jorge – e presidente – Pinto da Costa., estavam conscientes disso. E maravilhavam-se com a maneira como jogava a equipa. Era pura inspiração, pura magia de jogadores fenomenais como Paulo Futre, Rabat Madjer, João Pinto, entre outros. No entanto, só no jogo da final é que «os rapazes perceberam o seu valor», como diria mais tarde o treinador-adjunto daquele tempo, Octávio Machado. A partir dessa final, o FC Porto consolidou o seu estatuto de gigante europeu e mundial: ganhou a Supertaça europeia contra o Ajax Amsterdam e a Taça Intercontinental no famoso duelo na neve, em Tóquio, contra o Penãrol de Montevideu.
Ela é uma das melhores equipas da Europa. Mas hoje, 20 de Maio de 2003, véspera da final da Taça UEFA entre o FC Porto e o Celtic Glasgow, ela tem consciência disso. José Mourinho, o treinador que fez uma revolução no balneário depois da conflituosa gestão de Octávio Machado, acertou – finalmente - nas contratações. Foi buscar jogadores ainda jovens, com ambição em singrar numa grande equipa. Juntou-os a símbolos do clube das Antas – como Jorge Costa, Vítor Baía, Secretário e mesmo Deco – (re)fazendo uma equipa que já há algum tempo havia perdido a ambição, ou seja, a condição fundamental de uma equipa que quer ir longe na Europa. Por isso, amanhã, embora seja a terceira (ou quinta, se contarmos com as já citadas finais da Supertaça e Interconti nental) final internacional da equipa dos dragões, é a primeira em que o Porto é dado como favorito. E esse fardo adicional pode ser mau para os dragões. É que as equipas portugueses têm problemas sempre que são favoritas. E o grande clima de euforia que rodeia a equipa lusa pode traduzir-se, no final do jogo, numa profunda desilusão. Quem melhor exprimiu esta ideia, ontem à chegada do aeroporto de Sevilha, foi o ex-presidente da Câmara Municipal do Porto, Fernando Gomes. Segundo este político, integrado na comitiva azul-e-branca, «há um grande clima de euforia que, particularmente, não me agrada. Preferia que os adeptos e simpatizantes do FC Porto estivessem mais concentrados na possibilidade de perderem a final, pois em futebol tudo é possível». Amanhã logo se vê.
No entanto, mesmo sendo dado como favorito, José Mourinho já garantiu que a sua equipa estará concentrada do princípio ao fim do jogo no seu objectivo: trazer a taça que nunca passou por Portugal – ou melhor, passou no Estádio da Luz mas foi levada pelos belgas do Anderlecht, numa final de má memória para o SL Benfica. Além disso, o técnico dos dragões reconhece que «em todas as finais, a probabilidade de ser vencedor é de 50%, seja qual for o adversário», chegando a dar o exemplo do Real Madrid, afirmando que jogar contra esta equipa ou contra o Celtic na final é a mesma coisa, a mesma responsabilidade.
Inmdependentemente do clima que esta final desperta no coração dos portugues, o certo é que o FC Porto está a um pequeno passo de escrever mais uma página brilhante no currículo internacional do futebol luso. Ganhar a Taça UEFA será bom para todo o nosso país, e pode-nos encher o ego de orgulho. O FC Porto poderá, então, ser tomado como exemplo daquilo que de bom o nosso país tem mas desconhece: uma força na «vontade de poder» da alma lusa que há anos está adormecida. Contámos com esta ajuda da equipa tripeira.
Boa sorte FC Porto. Traz a taça, Jorge Costa!