sábado, junho 14, 2003

Caro Duarte. Venho hoje falar-te de uma coisa que me aconteceu à umas semanas e à qual nada liguei a principio. No final, acabei por descobrir que tudo o que me fora dito tinha razao de ser...

Foi à umas semanas, meu amigo, que fui à festa do nosso estimado André Viana, o mesmo que é um dos responsáveis pelos blog Discursos-Paralelos. Não tinha sido um dia muito feliz, muito por causa de uma certa donzela que me apoquentava o espiríto. No entanto tive uma tremenda felicidade porque na ordenação dos lugares, coube-me a mim MLP, ficar sentado ao lado de duas pessoas maravilhosas. Pessoas bonitas, simpáticas, divertidas, deslumbrantes e muito inteligentes. E são mulheres Duarte, não "putas" como tu tanto apregoas. Mulheres e das boas. Tu conhece-las bem. Falo das nossas queridas vilacondenses, da Edite e da Mariana.
Elas conseguiram, através daquelas artimanhas que só as mulheres parecem conhecer, por-me mais bem disposto comigo mesmo, se bem que aquela mulher continuava a não sair-me da cabeça. Eu sei, tu avisaste-me que ela não servia para mim. Mas tu também nunca gostaste dela (e ela também nunca foi muito com a tua cara) e não sabias o que era amar um anjo, caído das nuvens numa tarde quente de verão!
Ora voltemos ao tema pois lá ando eu de novo perdido num mundo que nunca teve lugar, em sonhos que nunca existião, numa mulher que ... O que eu te queria dizer é que nessa noite surgiu na conversa uma expressão que ao princípio, no meu estilo folião e desconcertante que me conheces, me pareceu ridícula. Nem liguei muito para te dizer a verdade. Só que, naquelas noites em que não conseguia dormir devido às lágrimas que me enchiam o rosto, dei de mim a voltar a essa expressão. "Mansão"! Conheces? Se calhar não. A criadora de tão interessante palavra foi a nossa boa Edite. Segundo ela, "mansão" seria aquela mulher/homem que nos é inacessível. Por várias razões, desde idade a beleza, passando mesmo pelo facto de ela poder não gostar de nós como nós gostamos dela. O termo foi usado para caracterizar a Paula, mas caro Duarte, acho que lhe consigui atribuir um sentido bem mais lato. Já reparas-te que todos nós, mesmo eu e tu, podemos ser "mansões". Todos nós podemos ter alguém no mundo que goste de nós mas a quem nós somos inacessiveis? É assustador não é Duarte. Só de pensar que faço uma mulher infeliz no Mundo neste momento fico logo com vontade de chorar. Mas isso é o meu eu-romantico que todos parecem nao gostar mas sem o qual nao vivo. Com esta descoberta a expressão ganhou significado novo para mim. Já viste como é. Passamos a nossa vida atrás de "mansões", de mulheres extremamente belas, atraentes, desejáveis, eu sei lá... mas no final nunca (ou quase nunca) acabamos com elas. Segundo a terminologia da Edite, acabamos com andares ou, se tivermos sorte, vivendas... E se calhar Duarte não é assim tão mau. Se calhar acabamos com essas vivendas ou andares porque é o que merecemos ou porque assim estava destinado. E perguntas-me agora tu," e as "mansões" acabam com quem?" Aí é que está amigo. Uma mulher que é "mansão" para ti e para mim, pode muito bem ser um prédio ou vivenda para outros. E assim é a vida. Feita de vivendas e mansões.... Até mesmo a Paula, que para mim era mais que uma "MANSÃO", era mais um Palácio Versailles, pode ser para tantos outros um prédio na Sé do Porto, ou um andar no bairro do Cerco. Depende. Para mim ela será, até ao fim da minha inóqua existência, o melhor que há. As lágrimas que eu chorei por ela (e ainda choro às vezes amigo) e que escorreram pela minha triste face, chegam para criar um 8º oceano, maior que o Pacífico, mais tumultuoso que o Atlântico, mais gélido que o Antártico.
Mas eu quero chegar a isto Duarte. Quero chegar a um ponto da maior importância e que vem por si só eliminar o teu longo comentário sobre as mulheres. Não há "putas", não há "princesas". Há vivendas e prédios. E só espero que eu na minha vivenda e tu na tua nos tornemos muito felizes. Porque merecemos. Merecemos mesmo....
Pensa nisto Duarte, pensa ....
Antes de me despedir apenas uma palavra de apreço. Um agradecimento especial a duas pessoas muito importantes. À inventora deste termo delicioso, a doce e irreverente Edite. À minha ex-noiva, pelo carinho que ela tem por mim (e por ti também SD) e por todos os seus amigos. É uma bela pessoa e uma pessoa deveras bela. Fica assim miúda... (e boa sorte para o Rio Ave). E também à Mariana. À Mariana tenho de pedir desculpa. Um dia chamei-lhe boneca de porcelana. Fui indelicado ao extremo e agora faço mea culpa. Nunca te poderia chamar boneca de porcelana porque as bonecas não têm sentimentos e tu tens, e muitos. Muitos e extremamente bonitos. Tão bonitos que assustam e alegram ao mesmo tempo. Tão bonitos que às vezes me dão vontade de tornar-me brasileiro (e quem me conhece sabe o que isso significa) e faze-la tao feliz como ela merece ser. Mas não o farei porque nunca o mereceria e assim deixo alegre milhões de "Irmãos brazucas" que assim poderão ter a sorte de acabar com esta preciosidade, num país onde se tornam cada vez mais raras. Bejinho grande Mariana e vemo-nos em Copacabana beach.....
Anyway, como diz o meu estimado amigo Leccio, o que importa é que é nestes momentos que se sentem os amigos. É graças a pessoas como tu Duarte, com quem troco estas ideias e pensamentos ao por do sol, ou a amigas como a Edite e a Mariana, que me alegraram num dia dificil, que dá gozo viver. E é para vós que vivo..... E vivo feliz...

Um abraço a todos

MIGUEL LP