Saudades de quando a caverna tinha luz
Uma caverna com luz houve que as almas puras iluminava. Nela tudo parecia pelo melhor correr. As almas acalentavam-se umas às outras. Das suas paredes mel e leite puro corriam. E o som que ecoava nessa iluminada caverna. Nessa caverna existiam dois tipos de luzes, que abafavam quasiquer sombras que se aproximassem. As sombras das almas que se ansiavam conhecer, e a luz natural das estrelas. Não tinha tecto esta caverna, como já haveis reparado...
Porém, a peçonha e as trevas rondavam a caverna. A ignomínia e a intolerância abeiram-se do que é puro. Pois esse é o seu campo de batalha. O seu alimento. E mais cedo do que se esperava, num dia em que a caverna andava desabitada e as almas ver não se podiam, os muros deixaram de jorrar a pura água e outros líquidos que a vivência saudável dava. Os espíritos alimentaram-se de peçonha. A intolerância venceu. Quem manter-se puro quis teve que se adaptar. Obsessões entre almas começaram. Cupidezes levaram à maledicência. E um tecto pedregoso e frio sobre a caverna foi construído, afim de que jamais luz entrasse.
A pura caverna hoje não passa de uma recordação. Só é lembrada por almas com máscaras. Falsas também, mas que nas tristes noites nevoentas de sonho uma lágrima furtiva soltam em memória dos outros tempos.
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