segunda-feira, junho 09, 2003

Sinfonia da alegria – em memória de Nietzsche, o poeta-filósofo

Ao precipício a que a vida nos leva cheguei
E para o fundo olhei com olhos embriagados de tanta perdição.
Que há mais para além do fundo que tento ver?
Procuro alegria, cores e som
Mas o silêncio domina as pedras que são de cor negra.
E se elas não ouvem e são descoloridas
Só me resta cantar, cantar para um mundo complexo,
Espaço cheio de vazios e tempo a passar sem tempo.

Porém,
Cantarei a eternidade até a minha garganta ficar rouca
E meus ouvidos assustados com meus gritos de alegria:
a vida é bela e quer eternidade
a eternidade não se quer efémera
quer-se para todos os tempos, quer ultrapassá-los!
Vamos, brisas às quais vos entrego a mão direita
Vamos, sonhos aos quais vos dou a mão esquerda
Fujamos do precipício que só leva à rendição da vida
Não nos deixemos contagiar pelo fácil e ao alcance de alguns passos.
Procuremos o arco-íris que está para além do humano
Busquemos a alegria, a vitória e a grandeza.
Só elas são motivo para viver
Só elas são motivo para lutar, lutar, lutar…
Contra o tempo e o silêncio.

Sigamos pela estrada fora a cantar
Tentemos divinizar nossas vozes, companheiros inócuos
Transmita-mos alegria, e sonhemos
Que o pensamento não é para aqui chamado.
Sejamos grandes e amemos o longe
Pois só neste se pode reflectir o Homem.


João Firmino Alves - 2003