Aliados estilhaçados
Dois acidentes envolvendo autocarros numa semana, no mesmo local: a Avenida dos Aliados, coração da cidade do Porto. O primeiro teve o saldo de dezasseis feridos. O segundo resultou na trágica morte de um jovem com 21 anos. Parece que uma maldição ronda a praça mais famosa da Invicta.
Mas será que estes dois acidente podiam ter sido evitados? Não em compete a mim dar uma resposta. porém, posso especular um pouco sobre o miserável estado em que se encontra a Avenida no presente. Desde menino que passo pela Avenida. E desde que, há alguns anos atrás, a minha actividade académica me obriga a aí passar todos os dias, que me julgo no direito de comentar o que por lá se passa.
Neste momento, os Aliados são uma mistura de estaleiro abandonado, com uma pista de carros e um local de paragem de vários autocarros. Não há cordenação de trânsito. Os peões, para atravessarem a via, arriscam-se bastas vezes a serem atropelados. No sentido ascendente, por vezes, carros e autocarros atingem velocidades proibitivas para uma via pública. Os autocarros, para subirem a Rua Elísio de Melo em direcção a Ceuta- local onde ocorreu o trágico acidente de sexta-feira -, são forçados a fazerem uma curva apertada, ao mesmo tempo que puxam a caixa de velocidades devido à inclinação da rua. Talvez tenha sido este um dos motivos porque o jovem faleceu, visto que a Rua Elísio de Melo tem dois sentidos, sendo um pouco apertada quando nela passa um autocarro, o que é muito frequente. Segundo alguns relatos desequilibrou-se no momento em que tentava ultrapassar o autocarro.
Se os Aliados estão o caos que estão, apra além da sua descaracterização estética, deve-se isso a um factor: a estação de Metro. Não somos contra esta obra. Pelo contrário. Ela é fundamental para a cidade e para a região, sendo a estação dos Aliados uma das principais de toda a rede. Os portuenses tiveram que aguentar o sacrifício que foi a abertura do buraco, no antigo espaço ajardinado, para se fazer a estação de Metro. Mas acabada a obra, com a estação aberta, deveriam ter sido, imediatamente, tomadas medidas para que o efeito desta não se prolongasse. Houve má vontade política. Muito por culpa, também, do "velho" conflito entre a empresa da Metro e a Autarquia sobre os limites onde começa a obra de uma e acaba a de outra. Por causa disso, por exemplo, o Campo 24 de Agosto - onde foi aberta uma das primeiras estações - esteve durante anos descaracterizado. A Metro afirmava que era a autarquia que tinha que acabar parte das obras. A Câmara dizia que era a Metro. E o cidadão é que sofria, passando no meio da lama para atravessar a rua.
É urgente uma reformulação rápida da Avenida dos Aliados. Uma Avenida feia e descaracterizada. Dividida e não unida. Na zona da Câmara (Praça General Humberto Delgado), há demasado estacionamento, e uma garagem de autocarros que cria problemas de tráfego. A seguir, na zona da estação de metro, existe uma pista de automóveis, onde os autocarros se lançam em curvas e contracurvas para chegarem ao outro lado da Avenida. apra além disso, metade da Avenida tem nessa zona passeios largos e de granito, e outra tem a velha calçada portuguesa e metade do passeio. Um corte muito brusco e que deve ser resolvido de uma vez por todas. Na parte de baixo, entre o cruzamento de Elísio Melo com o da Rua da Fábrica, lembraram-se agora de colocar cabos no meio do jardim. No único local que sobra, melancolicamente, da antiga avenida. Ao fundo, na praça da Liberdade, o caos continua a imperar. Bruscamente passa-se de via rodoviária em asfalto para paralelo. Os carros e autocarros inundam as bermas dos passeios. E no meio da praça, junto da estátua de Dom Pedro IV, há uma praça de táxis.
Estão feios os Aliados. Uma Avenida que parece que atravessou um guerra civil. Para quando uma solução. Que seja de vez, esperamos. Preferimos aguentar o sacrifício de um ano inteiro de obras em toda a Avenida, do que continuarmos com esta situação a arrastar-se, fazendo-se pequenas obras de cada vez. E uma medida inteligente, e que a médio prazo poderá ser muito benéfica, seria acabar o com o trânsito automóvel na Avenida. Porque não? Era seguir o exemplo de outras cidades europeias. Mas isso é uma coisa a pensar e estudar melhor.
1 Comments:
Estão a destruir os ALIADOS!
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