quarta-feira, dezembro 28, 2005

O local


Fim de tarde de agosto no centro da Europa. O calor temperado abraçava os corpos turisticamente vestidos. O céu estava limpo. O astro-rei que nos ilumina em queda lenta se encontrava. E ao descer, o céu acolhia-o num lilás suave, que aos poucos de coloração mudava. Nenhuma câmara fotográfica podia revelar tal cor. Só talvez um pintor impressionista conseguisse do momento se aproximar.
O local estava calmo. Excessivamente calmo. Um imenso relvado percorria-o, só cortado a meio por uma linha de comboios que adiante acabava, e também pelos ribeiros pantanosos que davam cheiro ao local. Um cheiro não desagradável, no entanto, visto que era natural. Não havia ali acção poluente do ser humano.
Os grilos começavam a acordar. Ruidosamente começavam a dar sinais de vida. O seu som compunha uma banda sonora encantada para qualquer um. Mas o local não levava a tais sentimentos.
Como se tivessem sido semeados geometricamente, encontravam-se vários barracos no local. Muitos deles em ruínas. Outros bem conservados. Perfeitamente visitáveis. Ao fundo do imenso terreno onde estas coisas existem, encontram-se várias ruínas e um monumento. Inscrições em várias línguas existiam (exceptuando o português, mas o caso não é para aqui chamado), que esse monumento ilustram. Não explicam. Aí, quem se voltasse de costas, via a entrada do local. Uma simples construção de madeira com uma torre no meio.
Quem visita este local não pode sorrir. A relva verde que pisa, no meio de terrenos pantanosos, fertilizada foi por seres humanos. O nome do local é Oswiecim - Brzezinka. Mas para a posteridade passou a ser Auschwitz - Birkenau.