Duas breves notas políticas
1 - A política é um tema fascinante quando bem concebida em democracia. Uma das coisas que mais gosto em política, confesso, é do lado argumentativo que lhe dá a vitalidade. Aliás, política é também argumentação. E nada há de mais estimulante, do meu ponto de vista, do que um bom debate entre dois ideais democráticos. Que, acima de tudo, tenham em comum valores como a liberdade e o bem estar social, entre outros. O que difere, muitas vezes, é o modo como se executam orientações. O Parlamento, com os seus debates, é na sua origem o local privilegiado para debater ideias, para confrontar modos de percepção do país.
Ora, a verdade é que a maior parte das vezes os debates e os confrontos entre partidos são substituídos por argumentos falaciosos. Em Portugal, com a maioria absoluta do Partido Socialista, os debates parlamentares e os ataques ao governo não se fazem de ideias mas sim de ataques pessoais. As "viúvas ofendidas" de direita tentam-se fazer ouvir de modo a não cairem no esquecimento. Em vez de apresentarem ideias alternativas à condução do país, preferem minar a opinião pública com ataques pessoais. Partidos como o PP, enfurecidos por verem o seu fundador Diogo Freitas do Amaral ministro de um governo de centro-esquerda, e também por estarem cada vez mais remetidos a uma minoria, aproveitam cada minúsculo acontecimento para trazerem para as primeiras páginas dos jornais um escândalo. Recentemente Freitas do Amaral cumprimentou um ministro palestiniano, povo com quem a UE tem relações cortadas, na Arábia. E o Carmo e a Trindade caíram. Será que este partido não sabe que para além das relações institucionais há cortesia? Será que os partidos de direita não percebem que quantas mais picardias provocarem pior é a imagem que passam não só deles mas da política em geral. Actos como mandar a fotografia que estava na sede do PP de Freitas do Amaral para o Rato são baixos e apenas querem uma mediatização própria de um 24 horas.
Assim é fácil aparecer nos jornais. Porque política parece ser coisa que actualmente os partidos de direita não sabem fazer.
2 - A Frente Nacional vai marchar sobre Vila de Rei, numa atitude profundamente racista contra os recém-chegados imigrantes brasileiros. É preocupante como aos poucos os pequenos movimentos de extrema-direita começam a ganhar força. Neste momento muito reduzida, é certo. Mas a democracia deve estar atenta a este fenómeno. Antes que, de repente, nos confrontemos com situações bem graves que atentam contra as liberdades individuais e os direitos humanos.
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