Adeus Aliados
Quando era menino, o meu avô levava-me a passear pelo Porto histórico. Com ele aprendi a sentir e conhecer a cidade como minha. Da Ribeira aos Aliados passei a amar as ruas escuras. Passei a amar o Douro que esta cidade banha.
Uma vez o meu avô levou-me aos Aliados. Subimos desde a Estátua do D. Pedro pelo meio dos jardins. Ali no início da subida, a fonte com a estátua da menina era poiso das pombas, autênticas donas da praça. Pelo passeio lateral continuámos o nosso passeio, até chegarmos à outra estátua na primeira placa central. Alteada por um pedestal, mostrava três meninos a erguerem uma taça de frutos e flores. Atravessávamos a primeira placa e seguíamos em direcção à Câmara, agora pelo meio dos jardins. Ali os bancos convidavam o transeunte a sentar-se ao Sol. Nesses bancos os idosos conversavam e viam o tempo passar. Os avós passeavam os netos e assim a memória da cidade era passada de geração em geração. Assim se ligava um anel de história da cidade. Assim o tempo corria no meio das flores de várias cores que davam colorido à Praça. Ao nobre coração da cidade que via também as alegrias dos seus habitantes nela se concentrarem. Desde os fins de Maio onde o clube da cidade comemorava os seus títulos – algo que se tornou uma tradição – até ao São João, a grande festa de uma cidade inteira. A festa de uma nação especial.
Nesse dia em que o meu avô me levou aos Aliados havia algo de diferente na Praça General Humberto Delgado, em frente à estátua de Garrett. Uma espécie de comboio de papelão apresentava-se ali. Ainda contava eu só um dígito na idade e soube logo que aquilo era o Metro. Um meio de transporte tipo comboio que ia andar pela cidade. Logo aí comecei a sonhar em andar de comboio (generalizava tudo o que andasse em carris). Comecei, a anos de se realizar a obra, a planear as viagens de Metro.
Mais de uma década passada, mal eu sabia que a construção do Metro na zona da Baixa teria um custo – a Avenida por onde eu então passava de regresso a casa.
PS – Hoje passava eu por uma papelaria e reparei que se vendiam postais da cidade. Encontro dois dos Aliados como eram antes. Eu, que nunca precisei de postais da minha cidade, obviamente, comprei-os. Era como se naquelas duas fotografias estivesse descrita uma saudade… Imagens de um tempo que já não volta.
3 Comments:
!!!
tb me sinto entristecida com a actual situação dos aliados...
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