terça-feira, abril 03, 2007

A violência da poesia

Quem me dera ai quem me dera de novo mergulhar na doce ilusão de ti. Procurar o teu olhar secreto nas ternas madrugadas que despontavam na esperança de um novo dia.

Transportavas a violência da poesia no teu coração nos teus gestos na tua boca. Acordavas em cada manhã ferida de morte depois de um sono em que os anjos haviam habitado os teus segredos mais íntimos.
Teu assustado olhar estava mergulhado numa doce raiva eternizada a cada momento a cada instante. Agias como se carregasses um sexto sentido desesperado na busca espiral do afecto que tanto querias mas de que tanto medo tinhas.
Caminhavas seguindo as trevas da mentira que odiavas de morte. Perdias-te na contradição das palavras não ditas desesperando por da boca não conseguires expulsar as palavras que querias dizer. Falavas apenas pela lei do silêncio.

Teu corpo solar estava mergulhado pelo aroma ocre da contradição da beleza que era falsidade. Da falsidade que era beleza.

Aparecias quando estavas longe. Longe estavas quando aparecias. Cumprias a promessa de surpreenderes. Falhavas cumprir tudo o que prometeras.

Fantasma real que afinal sempre foras quando parecias real. Disseste adeus como dizias até breve fazendo esse até breve eternizar-se para sempre.

A primavera irrompe nos tristes céus de março. Eu que te julgara primavera em pleno inverno. Eras apenas ilusão feroz cheia de poesia em grito de negação com o que te rodeava… Adeus… Diluí-te fantasmagórica no teu inverno…

2 Comments:

Blogger White Castle said...

Muita intenso Duarte! Apela aos sentidos da alma, apetece sorver todas as palavras escritas e desejar mais e mais! Muitos Parabéns!

6:29 da tarde  
Blogger White Castle said...

"Eras apenas ilusão feroz cheia de poesia em grito de negação com o que te rodeava..."

Voltei a reler o texto, e gosto especialmente desta frase..

;)

A oposição diz mt mais que a similitude, n será assim?
Não poderá dizer a antítese mais que a mera afirmação? A ilusão torna-se real, realidade para nós tão intrinseca e nós deliciamo-nos a brincar nessa real ilusão...

7:28 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home