E o jornalismo não estaria melhor sem José Manuel Fernandes?
Disseram-me ontem que tinha aparecido na imprensa- julgo que o JN - uma comparação fantástica sobre o papel de José Manuel Fernandes no Público, jornal em que é director - é como se a Al Jazira fosse dirigida por George W. Bush. Nunca vi uma definição tão perfeita de JMF do Público. Em poucas palavras a sua mentalidade é demonstrada. Um jornal que garante liberdades e que pensa os acontecimentos, tem como director alguém que pensa o contrário.
Vem este post a propósito do artigo de opinião de JM Fernandes na edição de hoje do Público, que tem como destaque a situação no Iraque. Os artigos são claros - a Invasão fez-se de forma errada. Os mortos aumentam de dia para dia. Descobriu-se que a invasão do território pelos americanos, paladinos da liberdade, teve como argumentos factos inexistentes. Não haviam, nem nunca houveram, armas nucleares no Iraque. Dali nunca viria perigo para o Mundo. Situação contrária à de outros países - Coreia do Norte - que possuem armas nucleares e também têm regimes totalitários. (Mas uma guerra na Coreia não é viável por duas razões -não têm petróleo e as armas nucleares podem ser usadas).
Um facto não ponho em causa do que diz José Manuel Fernandes - a de que o Iraque era uma ditadura e que Saddam era um carniceiro. O problema, no entanto, é que não se depõe ditadores do modo como os Aliados, liderados pelos EUA, fizeram. A humilhação de invadir um povo, de cortar as barbas a Saddam - elemento masculino tao importante para a cultura árabe - é o não respeitar os adversários por pior que eles sejam. Começa JMF por mostrar, no seu artigo de opinião, os erros da invasão iraquina. Mas sempre culpando os erros ao Iraque, o que é genial. Nem Bush faz melhor. Invadiu-se por causa das armas nucleares? Mas essas nunca existiram. Já isso dava a entender Hans Blix, chefe das Inspecções no Iraque sob a égide da ONU. É bom não esquecer que a ONU não aceitou a invasão, e que os EUA várias vezes dificultaram os trabalhos da Inspecção.
Mas a grande pérola do texto de JMF vem no segundo parágrafo. Quando escreve sobre a vergonha de Abu Ghraib, local onde o princípio universal da dignidade humana foi, literalmente, espezinhado. Mas não é a vergonha de Abu Ghraib que JMF pretende atacar. Ataca a liberdade de expressão! Não queria acreditar no que lia... Passo a citar - "... o facto de esses acontecimentos terem sido revelados, denunciados e julgados por vivermos em democracias onde a imprensa é livre (ninguém sabe o que se passava em Abu Ghraib no tempo de Saddam, e sobretudo não existem imagens desses tempos para passarem na Al-Jazira), fez um mal terrível à luta anti-terrorista." Brilhante! A culpa é dos iraquianos, da comunicação social. Só não é dos Estados Unidos porque esses são santos. Em seguida JMF afirma que Abu Ghraib foi uma excepção! Terá sido mesmo o único local onde os direitos humanos foram desrespeitados? Não me acredito nisso. Abu Ghraib existiu porque alguém deu com a língua nos dentes. Mais vergonhas se passaram com certeza.
Não me apetece escrever mais sobre o director do meu jornal português preferido. A paciência esgotou-se. Tenho que escrever sobre outras coisas... Que espero nunca desçam ao nível da prosa americanizada de JMF. Se Bush o ler, certamente o contratará para Assessor...
PS - O título do texto é inspirado nas últimas linhas do artigo de JMF...
2 Comments:
Boa tarde. A blogopedia foi actualizada finalmente.
Agradeço a colocação do link para www.blogopedia.blogspot.com
Passarei outro dia.
Cumprimentos
não tem mal a falta de tempo...compreende-se perfeitamente...fica bem e boa semana*
Enviar um comentário
<< Home