quarta-feira, agosto 02, 2006

Partir, viajar, encontrar um destino

O cansaço de um longo e penoso ano chegou. A rotina e a visão diária das mesmas faces, ruas, a sensação de estar a sufocar sempre no mesmo ambiente o corpo começam a sufocar. É a altura - depois, claro, de repetir uma coisa ímpar aqui no Porto - de partir, de me perder no sentimento da aventura e emoção de uma viagem. Mas para onde? Um apelo clama pelo meu ser sonolento. Um prolongado apito a alma zune. É a água ainda quente e doce antes de ao mar se juntar que por mim chama. São outra vez os comboios que preparam a sua partida para mim. Quero ir para o Douro. Ir para esse vale encantado que urge conhecer. É o subir as linhas encantadas do Douro, Tua e Corgo, amputadas agora devido a uma regressão no progresso (ou um desprogresso se preferirem), que eu quero. E depois ir até à cidade que dizem que é capital do Douro procurar um pouco da minha origem. Subir ao local onde a minha origem foi pelas leis de Deus consagrada na pureza de uniões de sangue.
Vou para o Norte. Voltar a passear de comboio em Agosto, mas desta vez sem os nervos de uma língua estranha, de um alojamento que pode não haver. Um mês calmo, de "viagens na minha terra". É tudo o que o meu ser precisa. Se ainda houver tempo lá para o fim do mês, viajarei para o centro, por aquela linha de comboio da infância, para ver se o castelo que eu contemplava na infância naquelas longas viagens para a minha segunda cidade ainda está de pé. Descansar uns dias junto das velhas tias que me viram crescer naquela aldeia beirã. Onde olhando para sul já se percebe o Alentejo, e para Norte se vê o começo da Gardunha, serra prenúncio da Estrela.
Em Setembro cá estarei. E, se tudo correr bem, a encarrilar a vida, descarrilada há muito tempo pelas más escolhas dos caminhos.