sexta-feira, dezembro 30, 2005

George Grosz - Hitler no Inferno


George Grosz - Hitler no Inferno, 1944

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Páginas Amarelas, mapas incorrectos

Começaram a ser distribuídas por toda a cidade, e julgo que pelo país inteiro, as novas Listas Telefónicas e as famosas Páginas Amarelas, que tantas anedotas, trocadilhos e dizeres avulsos proporcionam. Normalmente, espera-se que este produto gratuito tenha qualidade, até que é para isso que os anunciantes pagam, alguns deles com uma página inteira. Mas este ano, nas Páginas Amarelas, os utilizadores são presenteados por um mapa da cidade defeituoso. Já havia reparado, em edições de anos anteriores, que os mapas não eram famosos pela qualidade, esquecendo-se de muitas ruas e não dando informação precisa. Ora, este ano as marcas das asneiras possíveis são ultrapassadas. Um dos erros, para mim o maior que detectei e que julgo inaceitável, é a inexistência da nova zona das Antas e do Estádio do Dragão. Melhor, este último existe... mas no local do antigo Estádio das Antas, demolido há quase dois anos. Ou seja, o problema é mesmo ignorância. Outro erro, também relacionado com estádios, é apresentar-se ainda no mapa o Estádio Vidal Pinheiro. Este, como é sabido para quem mora no Porto, já deixou de existir, tal como o futebol profissional do clube proprietário do seu terreno, o Salgueiros.
Mas os erros não ficam por aqui. Como por magia, a linha de comboio para a Póvoa ainda existe, convivendo no mesmo canal com o Metro! Pasme-se!. Ainda existem as estações ferroviárias da Trindade e da Avenida de França.
Não sei como é possível as Páginas Amarelas terem deixado publicar um mapa tão mau da cidade. A explicação só pode ser puro desleixo, e falta de seriedade da empresa espanhola Netmaps. De facto, de Espanha nem bom vento, nem bom casamento, nem boa cartografia.



quarta-feira, dezembro 28, 2005

O local


Fim de tarde de agosto no centro da Europa. O calor temperado abraçava os corpos turisticamente vestidos. O céu estava limpo. O astro-rei que nos ilumina em queda lenta se encontrava. E ao descer, o céu acolhia-o num lilás suave, que aos poucos de coloração mudava. Nenhuma câmara fotográfica podia revelar tal cor. Só talvez um pintor impressionista conseguisse do momento se aproximar.
O local estava calmo. Excessivamente calmo. Um imenso relvado percorria-o, só cortado a meio por uma linha de comboios que adiante acabava, e também pelos ribeiros pantanosos que davam cheiro ao local. Um cheiro não desagradável, no entanto, visto que era natural. Não havia ali acção poluente do ser humano.
Os grilos começavam a acordar. Ruidosamente começavam a dar sinais de vida. O seu som compunha uma banda sonora encantada para qualquer um. Mas o local não levava a tais sentimentos.
Como se tivessem sido semeados geometricamente, encontravam-se vários barracos no local. Muitos deles em ruínas. Outros bem conservados. Perfeitamente visitáveis. Ao fundo do imenso terreno onde estas coisas existem, encontram-se várias ruínas e um monumento. Inscrições em várias línguas existiam (exceptuando o português, mas o caso não é para aqui chamado), que esse monumento ilustram. Não explicam. Aí, quem se voltasse de costas, via a entrada do local. Uma simples construção de madeira com uma torre no meio.
Quem visita este local não pode sorrir. A relva verde que pisa, no meio de terrenos pantanosos, fertilizada foi por seres humanos. O nome do local é Oswiecim - Brzezinka. Mas para a posteridade passou a ser Auschwitz - Birkenau.

terça-feira, dezembro 27, 2005

A ponte de Langlois


Vincent Van Gogh - A ponte de Langlois, 1888

segunda-feira, dezembro 26, 2005

O fim da tempestade

As manhãs de inverno parecem mais claras nestes dias natalícios que rápido se acabam. O frio permanece, mas o céu sem nuvens transmite energia aos Homens, qual plantas da criação que precisam também deste elemento para sobreviver.

A cidade perdeu algo do seu encanto. Habituada a ser presenteada com água, escuridão e trovoadas nesta quadra, o granito dos seus edifícios não consegue absorver a luminosidade perfeitamente. Busca esta pedra a parca luminosidade de inverno – no verão já a teve de sobra – mas não o consegue, criando curiosos efeitos nas sombrias manhãs e nos luminosos finais de tarde nas ruas estreitas da baixa. Algo na atmosfera anda incerto.

Passeio-me, de tarde, por essas ruas indefinidas buscando uma luz sobre o amanhã. Pressinto que estes tempos que se avizinham serão os da verdade. Agora irei saber a verdade das vozes que ouvi durante a tempestade que acabou. Percebi desde cedo que as vozes que se levantavam mais alto no meio do pesadelo serão aquelas que mais rapidamente se arrastarão em breves e espaçados murmúrios. Saberei também quais aquelas que se irão apagar lentamente como uma vela. Daqui a anos talvez nada sobre delas. Nem a memória se graves ou agudas eram. E, quem sabe, talvez tenha a surpresa de continuar a ouvir algumas vozes que, apesar dos trovões ensurdecedores, agora libertas destes possam pela atmosfera calmamente vaguear.

A tempestade por que passei nada mais foi do que um pesadelo cor-de-rosa. Talvez agora, finalmente, se possam seguir os sonhos. Tenho direito a eles, como toda a gente, e sem brados a os ouvidos me aterrorizarem. Porque a matéria onírica também é importante para o Homem poder viver. E por mais tempestades que – como uma sinfonia de clamores e guinchos – hajam, eles não morrem.

sábado, dezembro 24, 2005

"Tragédia" de fim de ano

Não sei o que fazer! Estou desesperado. Comecei a olhar para as estantes aqui de casa e descobri que tenho centenas (juro que não estou a exagerar) de livros para ler. Desde História a Política, passando por literatura e Arte. As minhas estantes não têm ordenação, tantos os livros em primeira, segunda e até terceira fila. Meu Deus, quando os vou ler???
Tenho também que estudar para os exames. A matéria é interessante. Pena ser muita!!!
Centenas de discos estão por ouvir! Tenho-os espalhados pelos caixotes desde a Clássica até ao Jazz. Fora os discos de rock - às vezes discografias completas - que estão enfiados no computador e em cd's, nesse milagre de formato que é o mp3.
Também ando envolvido na política. Tenho também a família, nunca esquecida. Os meus amigos e amigas com quem adoro estar. E muito mais... E o cinema? Tantos livros sobre a 7ª arte que possuo e ainda não abri. Tantos filmes para ver e nada ainda (Polanski, perdoa-me. O pianista está guardado. Ainda não o pude ver...)
Estou cheio de projectos e não tenho tempo suficiente para eles. Tantas coisas e o tempo esvai-se. Que posso fazer para congelar o tempo??? :-((((((
Que tragédia que em está a acontecer. O meu dia devia ter 72 horas...

segunda-feira, dezembro 19, 2005

O peregrino sobre o mar de brumas - 1818


Caspar David Friedrich - fundador da pintura romântica alemã

Humano. Demasiado Humano

Os teus olhos possuem um sentimento insondável. Neles está reflectido algo de profundamente inalcansável. Não é com as palavras que a ele posso chegar. Tudo talvez dependa de mim e nada de mim depende. É tão, ou mais forte, em certos momentos a expressão para além da palavra.
Palavra... por vezes o grande dom humano. A sua força. Mas também a sua fraqueza em tantos momentos.
Quero a ti chegar. Mergulhar na doçura do teu sorriso. Mas não sei por onde começar, ou sequer como começar. Falharei se algo disser.
Quantas vezes os caminhos do Homem são complexos. A sua grandeza foi ter-se libertado da natureza. Mas aí também começou a sua perda. Alcançar o amor nos tempos em que a voz fala mas não diz é algo só executável por alguns. Porque ser directo, mostrar os nossos puros sentimentos ao outro, é difícil. Dizer "amo-te" directamente, à mulher cujo sorriso nos faz o pensamento parar, é impossível tarefa neste tempo em que a comunicação deixa de ser perfeita. Noutros tempos primitivos os sentimentos inexistentes eram. Mas tornamo-nos humanos. Demasiado humanos...
Ganhamos o sentimento amoroso. Perdemos as despreocupações.